No final do século VII a.C., aproximadamente, os gregos começaram a esculpir grandes figuras de homens em mármore. Ficava bastante clara a influência egípcia nessas esculturas. Essa fonte não só era inspiradora, mas também contribuía para a própria técnica de esculpir grandes blocos.

Porém, enquanto os egípcios pretendiam fazer uma representação realista da figura humana, o escultor grego confiava que a estátua que buscasse demonstrar um homem não deveria ser apenas semelhante ao mesmo, mas, em conjunto, um objeto belo de sim mesmo.

No período arcaico, o escultor grego, assim como o egípcio, admirava e apreciava a simetria natural do corpo humano. Na intenção de deixar evidente essa simetria para o observador, o artista esculpia figuras masculinas nuas e eretas, numa rigorosa posição frontal e distribuindo igualmente o peso do corpo sobre as duas pernas. O nome da estátua que leva essas características é “Kouros” (palavra grega que significa homem jovem).

Os artistas gregos não se mantinham reféns das convenções rígidas do período, pois suas estátuas não exerciam uma função de cunho religioso, como acontecia no Egito. Em consequência disso, a evolução da escultura grega foi propagada de maneira livre. A não satisfação com a postura rígida e forçada de “kouros”, pelos escultores, foi uma das medidas propícias dessa evolução.

As mudanças começaram a surgir de fato com a construção da estátua conhecida como “Efebo de Crítios”. Essa obra, por exemplo, é capaz de mostrar as alterações no seguinte aspecto:

  • O modelo tem a cabeça ligeiramente voltada para o lado, em vez de olhar bem para a frente;
  • O corpo passa a descansar sobre uma das pernas, em vez de apoiar-se igualmente sobre elas. Isso faz com que assuma uma posição mais afastada em relação ao eixo de simetria e que mantenha o quadril desse lado, um pouco mais elevado.

A superação da rigidez das estátuas foi uma das alternativas mais procuradas pelo escultor grego. O mármore torna-se um material inadequado, nesse caso, pois era pesado demais e se quebrava facilmente. Isso acontecia quando se quebrava sobre o próprio peso, dependendo de quando determinadas partes do corpo não estavam apoiadas. Um grande exemplo disso era quando os braços estendidos de uma estátua corria um sério risco de se quebrar.

Para solucionar o problema, o escultor escolhia trabalhar com um material que oferecesse mais resistência. O bronze foi o escolhido para começar a fazer as esculturas, pois o metal permitia que as figuras, quando trabalhadas pelo artista, pudessem expressar melhor o sentido de movimento. Um grande exemplo desse novo modelo é “O Zeus de Artemísio”. Essa obra é caracterizada por apresentar braços e pernas em uma atividade vigorosa. Já a imobilidade é traduzida por seu tronco.

A imobilidade do tronco tornou-se um problema que se tornou persistente até na famosa estátua conhecida como “Discóbolo”, de Míron, feita ainda no mesmo período que “Zeus de Artemísio”. Pode-se concluir, observando a cópia romana dessa obra (a escultura original, em bronze, foi perdida), produzida em mármore, que o está representado é a oposição entre a atividade intensa dos membros e estrutura estática do tronco.

Dada por Policleto, a solução para esse empecilho foi demonstrada em sua obra intitulada Dorífero (lanceiro), em que mostra um homem caminhando e pronto para dar mais um passo. Conhecido através de uma cópia romana em mármore, esse trabalho aponta a figura com a presença de alternância de membros tensos e relaxados.

No século IV a.C., a escultura apresenta traços bastante característicos. Um deles é o crescente naturalismo, pois a representação dos homens não era feita apenas de acordo com a idade e personalidade, mas também seguindo a orientação das emoções e do estado de espírito que se sobressaísse naquele momento. Outro quesito importante é que o conceito de sentimentos como a paz, o amor, a liberdade e a vitória foram representados sob forma humana. O terceiro e último propósito foi o surgimento do nu feminino, até porque nos períodos arcaico e clássico, as figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas.

Ao esculpir uma Afrodite nua, Praxíteles conseguiu com que ela se tornasse sua obra mais famosa. Ela foi um dos exemplos dessa mudança, sendo comprada pela cidade Cnido, onde ficou conhecida como “Afrodite de Cnido”. Sua cópia romana encontra-se no Museu do Vaticano, na cidade de Roma.

Nessa escultura, pode-se observar o princípio utilizado por Policleto, ao opor os membros tensos aos relaxados, que foram combinados com um tronco que reflete mais movimentos. Contudo, esse aspecto de aplicar a ideia às formas arredondadas femininas, foi possível acrescentar sensualidade à escultura.

“Afrodite de Cápua”, obra criada por Lisipo, também pertence ao século IV a.C. Nela, o escultor buscou representar a deusa com o tronco despido, admirando o reflexo de sua própria beleza em um escudo que segura. Esse trabalho, apreciado e copiados pelos romanos, inclusive guardada no Museu Nacional de Nápoles, teve diversas variações como o passar dos séculos.

Já no século II a.C, parece a célebre “Afrodite de Melos”, ou Vênus de Milo, de acordo com as designações romanas. Essa obra foi criada com intuito de unir o princípio que Policleto aplicou à “Afrodite de Cnido” com a nudez parcial da “Afrodite de Cápua”.

A partir do início do século III a.C., a procura pela criação de figuras que propunham uma expressividade mais intensiva da mobilidade e que levassem o olhar do observador a circular em torno delas, era uma das propostas dos escultores. Para exemplificar essa nova tendência, têm-se, como um belo exemplo, a obra intitulada “Vitória de Samotrácia”. Acredita-se que na possibilidade de que esta escultura estaria presa à proa e conduzia um navio.

Esculpida com asas abertas para transmitir ideia de personificação de um desejo de vitória, a figura de uma mulher de “Vitória de Samotrácia”, formada pelas mãos do artista grego, era caracterizada pela túnica agitada pelo vento, as asas ligeiramente afastadas para trás, o drapeado das vestes, e o tecido transparente colado ao corpo. A combinação de todos esses elementos deu origem a uma figura aérea e flutuante, que causava no espectador uma forte sugestão de movimento.

Um dos grandes desafios, e por assim dizer, uma das grandes conquistas, no ramo da escultura no período helenístico, foi de fato a representação de não apenas uma figura. A ideia era fazer com que grupos de figuras interagissem e mantivessem uma sugestão de movimentação. Além disso, era necessário que de todos os ângulos transmitissem beleza, ao serem observados. 

Isso também ocorre na arte intitulada “O Soldado Gálata e sua Mulher”. Nela, pode-se observar o grupo formado pelo soldado gálata que, ao matar sua mulher, prepara-se para o suicídio. A escultura foi produzida na segunda metade do século III a.C., para um monumento de guerra. Sua cópia romana encontra-se no Museo Nazionale delle Terme, na cidade Roma.

Além de beleza, “O Soldado Gálata e sua Mulher” revela uma carga de dramaticidade que é revelada ao observador da obra, independente do ângulo que ele a veja. Nessa obra, o sentido dramático é conquistado justamente pelo uso de contrastes como vida e morte, homem e mulher, nu e vestido, força e debilidade.